sexta-feira, 9 de abril de 2010

Cântico para a morte

Quantas vezes desejei não te olhar,
ver seu rosto de olhos fechados.
(uma pá de terra)
Quantas vezes desejei que parasse de respirar,
e não mais soprar nos meus ouvidos.
(mais uma pá de terra)
Quantas vezes desejei que você tivesse várias vidas,
em todas elas esqueceste de me amar.
(mais uma pá de terra)
Quanto tempo esperei que você andasse,
e não dançaste comigo.
(mais uma pá de terra)
Quantas vezes esperei que você falasse,
e seus lábios não tocaram os meus.
(mais uma pá de terra)
Quantos lenços desejei que você tivesse,
e nenhum deles enxugou minha lágrima.
(mais uma pá de terra)

Hoje te enterro e te entrego aos céus,
ouça a terra se movendo,
ouça os gritos do inferno,
a terra está constrangida com sua presença,
ela dará conta de você.

Em sete vidas
espero que uma delas você me ame!
(fechem o túmulo)

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